sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você repórter: pelo Facebook, jovem critica eleição de índio no MS.


O comentário foi feito um dia após a eleição do índio à Câmara de Vereadores de Dourados
Foto: Lucas Bertoletti de Marco / Reprodução / Facebook/vc repórter

Uma jovem de 23 anos utilizou seu perfil no Facebook na última segunda-feira, 8, para comentar o resultado da eleição municipal em algumas cidades do Mato Grosso do Sul. No texto, ela fez referência ao pleito que elegeu o professor indígena da etnia Guarani-Nhandeva, Aguilera de Souza (PSDC), de 37 anos, à Câmara de Vereadores de Dourados, dizendo que os índios "deveriam viver isolados numa selva na Amazônia".
"Olha, eu não tenho nada contra índio, só acho que eles deveriam viver isolados numa selva na Amazônia, vivendo da caça e da pesca. Só dão prejuízo aqui no Estado", escreveu a jovem. Após a repercussão negativa da opinião, a moça excluiu a publicação e o seu perfil na rede social.

De acordo com Maurício Rasslan, advogado da jovem envolvida no caso, a opinião não foi preconceituosa nem racista. "Trata-se de um comentário de uma menina de vinte e poucos anos de idade, não tem qualquer cunho racista ou preconceituoso, não tem absolutamente nada ali. O problema é que todas as vezes que se toca no assunto índio no Brasil, uma grande polêmica é gerada", afirmou.

Ainda segundo o advogado, sua cliente tem razão na afirmativa. "As pessoas focam em algumas palavras pequenas e não se interessam em saber o que realmente está acontecendo nas reservas indígenas do Mato Grosso do Sul, que é o massacre dos índios pelos próprios índios. Aqui não tem mais floresta, eles estão morrendo à míngua, virou uma grande favela indígena e ninguém vê isso", disse.

Eleito com 1.419 votos, o vereador Aguilera de Souza declarou ao Terra que seu assessor jurídico está analisando o caso e que ele não sabe se a moça será processada ou não. Para ele, que é graduado e pós-graduado em Pedagogia, a opinião da jovem é fruto de desconhecimento da causa indígena.
"Pelo comentário que fez e pela forma como escreveu, considero que essa pessoa não conhece nada sobre a questão indígena e, muitas vezes, ela nem tem culpa disso porque a sociedade a educou dessa forma. Ela é uma pessoa adulta, o tipo de formação que ela está recebendo e o que ela vai repassar para a sociedade é o que me preocupa. Ela tem que tomar muito cuidado, porque para falar sobre a causa indígena é preciso ter conhecimento", disse.
Eleição
 
Essa é a primeira vez que um índio irá ocupar uma vaga na Câmara Municipal de Dourados e também a estreia de Aguilera de Souza como candidato. "Trabalhamos durante três anos com reuniões, palestras e seminários, hoje a comunidade entendeu qual é o papel do vereador dentro da sociedade e a aldeia está andando de cabeça erguida por essa conquista. Sou representante político de 14 mil indígenas que moram em 3,5 mil hectares de terra na Reserva de Dourados.", afirmou.
O internauta Lucas Bertoletti de Marco, de Dourados (MS), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra.
Retirado:

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Conflitos acompanham progresso em Suape


Um dos principais complexos industrial e portuário do país, empreendimento tem disputas por terra e danos ambientais
Obras afetam ostras, caranguejos, camarões e mariscos, dizem biólogos; pescadores relatam perda de renda
FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A SUAPE (PE)
"Onde havia árvores com até 10 m de altura, existem hoje bosques de arbustos, com 6 m de altura"
CLEMENTE COELHO JÚNIOR
professor da Universidade de PE
Um dos mais modernos e importantes complexos industrial e portuário do país e há três décadas em operação, Suape (a 40 km de Recife) convive com problemas fundiários e ambientais.
Em 13,5 mil hectares de área, cerca de 25 mil posseiros vivem em clima de tensão.
Há conflitos judiciais sobre posse da terra e indenizações, além de focos de resistência.
Suape promete retirar todos os posseiros nos próximos dez anos. A maioria perderá a terra, que a empresa diz pertencer a ela.
Para especialistas ouvidos pela Folha, a rápida expansão industrial acelerou impactos sociais e ecológicos.
No complexo, existem cem empresas em operação e outras 50 em instalação, que exigem constantes dragagens e novos desmatamentos.
Em 2010, a Assembleia Legislativa aprovou projeto do governo autorizando o corte de 691 hectares de mata, o equivalente a quase três lagoas Rodrigo de Freitas.
Pressionado, um ano depois Suape ampliou, de 48% para 59%, a sua área de preservação ambiental.
O governo de Pernambuco diz que as empresas são obrigadas a recompor as áreas, mas um relatório de 2011 mostrou que, nos dez anos anteriores, só 1 dos 11 empreendimentos havia feito isso.
HISTÓRICO
Criado nos anos 1970, o porto opera desde 1983. O complexo foi erguido em uma área de estuários, entre os rios Massangana, Tatuoca, Ipojuca e Merepe.
Especialista em mangues, o professor da UPE (Universidade de Pernambuco) e doutor em oceanografia biológica, Clemente Coelho Júnior, afirma que a construção das vias de acesso rompeu essa ligação natural entre os rios.
"Onde havia árvores com até 10 m de altura e 30 cm de diâmetro, existem hoje bosques de arbustos, com, no máximo, 6 m de altura e 10 cm de diâmetro."
A redução do fluxo de água, diz Coelho Jr., afetou também a fauna, especialmente ostras e caranguejos.
Ainda durante a construção do porto, parte de uma linha de 8 km de formação rochosa no mar foi dinamitada, nos anos de 1980 e 1990.
Para o professor da UPE Múcio Luiz Banja, especialista em recifes, mais graves são as dragagens periódicas. "O sedimento soterra os animais."
O presidente da colônia de pescadores Z-8, Lailson Evangelista de Souza, 48, calcula que a pesca de lagosta na área do porto caiu 70% nos últimos anos e os mariscos também sumiram.
O superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, José Telino Lacerda Neto, diz que não há como negar o impacto de Suape na pesca artesanal da região, mas afirma que a queda na produção não é um problema localizado.
Sobre a colônia de pescadores Z-8, o ministério quer agregar valor ao peixe capturado por eles e melhorar a tecnologia das embarcações para explorar novas espécies, como o atum.
 
Ex-posseiros vão à Justiça contra cessão de terreno
DO ENVIADO A SUAPE (PE)
 
Há quatro meses, o agricultor Luis Abílio da Silva, 82, e sua mulher, Maria Luiza, 92, foram retirados de casa por ordem da Justiça e viram o lugar onde moravam ser destruído por um trator e marretas, numa ação de reintegração de posse.
Chovia, e a filha do casal Cleonice, 36, que também morava no local, protegia com uma sombrinha a sua caçula, Letícia, à época com duas semanas de vida.
No mesmo dia, mais quatro casas e uma capela ruíram no terreno de dez hectares do engenho Tiriri, onde 22 integrantes da família Silva e amigos viviam como posseiros havia 50 anos.
"Tiraram nossas coisas, engancharam a corda no trator e puxaram as paredes", afirmou o agricultor.
"Primeiro foi a capela, depois a casa." A família foi indenizada em R$ 48 mil pelas benfeitorias, mas não pelo terreno. Como outros posseiros, devem ir à Justiça.
Segundo a advogada dos Silva, Conceição Lacerda, a terra onde a família vivia foi vendida "de forma irregular" para Suape pela Cooperativa Agrícola do Tiriri.
A cooperativa, disse, recebeu do governo militar títulos de propriedade de sete engenhos para assentar seus filiados, mas os vendeu em 1980.
Uma cláusula proibia a destinação da terra para outros fins, diz a advogada, que pedirá à Justiça a nulidade da cessão dos engenhos à cooperativa.
O presidente de Suape, Frederico Amancio, nega irregularidades e diz que a Justiça autorizou as reintegrações de posse e as indenizações.
Outro lado
Presidente diz que homem, e não indústria, degradou região
DO ENVIADO A SUAPE (PE)
A área destinada às indústrias em Suape está perto de seu limite e, segundo o presidente da empresa, Frederico Amancio, uma grande expansão como a dos últimos anos não acontecerá novamente.
Amancio disse que Suape quitou seu passivo ambiental e negou que as indústrias sejam o principal fator de degradação ecológica. "Foi a ação do próprio homem."
Folha - Um relatório de 2011 mostrou que, em dez anos, só 1 de 11 empresas com acordos de compensação ambiental cumpriu seu compromisso.
Frederico Amâncio* - Suape quitou seu passivo ambiental. Replantamos 240 hectares de Mata Atlântica. Ampliamos a área de preservação, de 48% para 59% do total. Sem medo de errar, Suape é o complexo industrial e o porto mais verdes do mundo.
Qual o impacto ambiental das indústrias em Suape?
As pessoas acham que o principal fator de degradação ambiental em Suape são as indústrias, mas não é verdade. Na realidade, foi a ação do próprio homem, de posseiros, de invasores, do plantio da cana-de-açúcar.
Indústrias não desmataram?
O desmatamento se deu por um processo histórico. Suape é uma composição de mais de 20 engenhos desapropriados.
Os posseiros reclamam que estão sendo expulsos de suas próprias terras.
Temos dentro do complexo 6.800 famílias, 25 mil posseiros. Em dez anos, vamos retirar todos. Alguns são antigos, mas estão em áreas de preservação ecológica. Eles são, sim, fatores de degradação ecológica, porque retiram a vegetação natural.
Os posseiros também reclamam dos valores das indenizações.
Suape não decide valor. Seguimos regras. Eles criaram a expectativa de receber pela área e, por questão legal, pagamos pelas benfeitorias.
Especialistas apontam as dragagens e a construção de um dique no rio Tatuoca como prejudiciais ao ambiente e à pesca em Suape.
Os planos de dragagens são aprovados pelo órgão ambiental. Discutimos projetos para recuperar a pesca artesanal na região, mas não é um problema local. A atividade passa por um processo difícil no Estado.
Suape está no limite?
Não vamos ter mais uma expansão muito grande dos projetos industriais. É uma estratégia que o desenvolvimento comece a ser descentralizado para o litoral norte.

Retirado: NEPE
Por: Carolina Albuquerque

Pescadores e Pescadoras do Lago de Itaparica em Petrolândia/PE estão com seus Territórios sobre Ameaças.



Na última semana de setembro, enquanto as comunidades San Franciscanas se preparavam para o novenário do padroeiro, realizávamos o 3º Seminário da Pesca Artesanal no Sertão do São Francisco e do Pajeú, no qual foi realizado o lançamento da Campanha pela Regularização dos Territórios das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. Fomos surpreendidos com a denúncia dos pescadores, que o ponto de apoio que a mais de 23 anos eles vem utilizando durante à pesca no Lago de Itaparica, (ilha denominada Bode Rouco) onde, mas de 30 pescadores se arrancham durante as pescarias, foram surpreendidos com as derrubadas das árvores.


A derrubada indiscriminada das arvores de algaroba e pereiro e de outras espécies de porte menores, com, mas de 25 anos de idade conforme relatos dos pescadores e como podemos observar nas imagens, o número de espécie cortada com a utilização de moto-serra, o corte da arvores foram feitas por funcionários do empresário e proprietário do Magazine Paullynele (eletroeletrônico e moveis) Daniel.


Os pescadores utilizam o espaço da ilha como ponto de apoio durante as pescarias desde a formação do lago de Itaparica com a construção da Barragem Luiz Gonzaga no ano de 1988. Os pescadores relatam que outra ilha, hoje conhecida como ilha dos pescadores também passou por problemas semelhantes em 2007, quando outro empresário local se intitulou proprietário, os pescadores conseguiram desmistificar o fato e hoje 06 famílias utilizam as ilhas como ponto de apoio a pescaria e moradia.


Durante o novenário de São Francisco de Assis, os pescadores do sertão do são Francisco, realizaram ato de lançamento da Campanha Nacional pela Regularização dos Territórios das comunidades tradicionais Pesqueiras, e aproveitaram a procissão fluvial onde reuniu grande parte dos cidadãos Petrolandineses, e fizeram uma visita na ilha Bode Roco onde poderão observar a destruição da vegetação.

                             (militantes do MPP/PE e do CPP Nordeste junto com Pe. Giovanne  na Ilha do bode Rouco/PetrolLandia)

Segundo a falar de alguns moradores local a especulação imobiliária vem se expandindo na região desde a implantação do canteiro de obras da TRANSPOSIÇÃO do São Francisco, na agrovila 06 de Ico-Mandantes entre os municípios de Floresta e Petrolândia e que os conflitos de uso do lago têm se intensificando desde reportagem exibida na Rede Globo de Televisão sobre o potencial para turismo aquático da região.
A colônia dos pescadores esta entrando com representação no MP contra o Daniel para garantir a integridade da ilha e o território pesqueiro.



Por: Carolina Albuquerque