terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Carta das lideranças Tupinambá da Bahia


Por: Racismo Ambiental
União – Campo, Cidade e Floresta
“Nós, Tupinambá da Aldeia Tukumã , próximo ao Lençóis do Município de Una, fomos surpreendidos pela Polícia Federal hoje, quarta–feira, 1 de janeiro, às 6:00 hora da manhã, com as ações de violência para cumprimento do mandato de reintegração de posse por um grupo do Estado de São Paulo que se diz supostos donos da Aldeia Indígena TuKumã.
Chegaram empurrando a porta, colocando todos como refém sem o menor respeito com as crianças, anciões, inclusive um adolescente de 15 anos, Kálisson, foi obrigado a entrar no camburão se não iam algemá-lo, e começou a insultar as pessoas destratando como animais selvagens.
Colocaram todos os homens pra fora com força e abuso do poder, deixando só as mulheres e deu prazo de meia hora pra retirarem os pertences, ou iam demolir em cima de todos e tudo o que tinha dentro, deixando todos em pânico.
Foram obrigados a entrarem no Camburão, inclusive um professor do IFBA que veio em apoio solidário, foi colocado na parede como bandido para ser revistado e o parente por nome de Eugênio Crispim, que cantou uma música do ritual, foi retirado bruscamente pelo braço e obrigado a ajoelhar com as mãos na nuca sobre a mira de armas como se fosse um marginal.
Nesse momento chovia muito e ele obrigou a Crispim mostrar os documentos que ficou por duas horas ajoelhados. Aos poucos foram  liberando pessoas e duas Lideranças – Katiúscia e Jailson – ficaram detidos até  assinar o documento de  reintegração  de posse; os dois foram forçados a  assinarem outros documentos que não condiziam com a ação, e ainda  sobre ameaça de prisão e pressão psicológica.
Foram 25 casas, 01 galpão, 01 casa de farinha, roças de mandioca, roça de amendoim, roças de  mamão, roças  de maracujá, roças de  melancia, roças de  feijão de corda, roças de milho, roças de  banana e outras frutas como: abacate, jamelão , laranja e ainda criação de 150 galinhas coletivas, 02 cavalos que pertenciam a comunidade.
A Liderança Paulo de Jesus dos Santos (Paulo  Masykas)  afirma as injustiças e quer entender o por que a Funai diz que tem direito a ocupar a terra e quando estamos dentro trabalhando no sustento de nossas famílias somos obrigados a sair sem direito a nada e vendo tudo que foi construído ir por água abaixo, e quem vai pagar por esses danos morais e materiais? Será que não temos direitos ou é discriminação?
A Liderança Rosilene diz: que apesar do transtorno e da agonia  receberam apoio de todas Lideranças Tupinambá e  outras pessoas de fora que estavam na praia próximo a Aldeia também  vieram em solidariedade e a polícia federal aproveitou pra dizer que estavam índios e não índios. E na verdade o que a polícia Federal quer é desmoralizar e dizer que não há indígena.
Neste momento pedimos que as organizações e instituições  parceiras se juntem a nós para que sejam tomadas as devidas providências sendo em caráter de urgência as que se seguem:
De um procurador federal pra acompanhar os processos do Povo Tupinambá de Olivença
A  Anulação  das liminares de reintegração de posse
Visita urgente do Presidente da Funai  e da comissão de Direitos Humanos que vem acompanhando os processos.
Andamento do processo administrativo de Demarcação do Território Tradicional do Povo Tupinambá de Olivença.
Reparação e indenização  de danos materiais e morais.
Inventário das produções agrícolas e das criações que foram deixados in loco.

Atenciosamente,
Lideranças da Aldeia Tukumã”

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