segunda-feira, 2 de julho de 2012

As contribuições da Antropologia para a biomedicina


Por Cátia Simone da Silva
Discente Bacharelado em Antropologia UFPel


Este trabalho foi desenvolvido na última prova presencial da disciplina de Antropologia da Saúde, no quinto semestre do curso de Antropologia da UFPel, ministrada pela Dra. Profa. Elen. Tínhamos que discursar sobre as contribuições da antropologia para a biomedicina.
As contribuições da Antropologia para a construção de um novo paradigma de saúde e doença está na forma como ela atua, observando que há uma construção social e cultural sobre como as pessoas vêem o seu corpo, sua saúde e doença, esta construção se dá por diversos fatores, faz parte da história de vida dos indivíduos, do ambiente em que vivem, da classe social que pertencem, sua idade, gênero, religião, e também da interação com outras culturas.
Então o objetivo da antropologia da saúde não é descrever o que é corpo, saúde e doença para um indivíduo ou um  determinado grupo, mas verificar como essas pessoas vivem e pensam sobre o seu corpo, sua saúde e sua doença; quais os cuidados que mantém, as formas de tratamentos utilizados em casos de enfermidades e quais as medidas que buscam para o tratamento, visto que há subjetividades no modo de conceber o corpo, então podemos dizer que tudo é uma construção, e essa não é fechada, acabada, mas está em constante processo de transformação e resignificação.
Como explica Marcel Mauss, o que a princípio parece ser uma escolha individual, na verdade são interesses coletivos que determinam como devemos ser, agir… Muitas dessas concepções culturais são transmitidos de geração a geração e outros a partir da interação entre as culturas influenciando como a pessoa irá utilizar o seu corpo.
Em várias culturas vemos exemplos diferentes de usos de técnicas corporais, pensando em alguns exemplos temos as chinesas que para diminuir o tamanho dos pés usam sapatos apertados os quais deformam os pés, tornando-os menores. Entre a Birmânia e a Tailândia as mulheres denominadas “girafas” usam um colar de latão que é uma peça única em forma de argola, os “anéis Tailandeses” servem para aumentar o pescoço, outro exemplo são as mulheres mais velhas na Papua Nova Guiné que amamentam leitões, e inclusive dormem numa peça junto com os mesmos.
Em Camarões na África, meninas passam semanas ou meses de dor para atrasar os primeiros sinais da adolescência, pois os seios começam a crescer na puberdade, então as mães e avós passam uma pedaço de madeira quente nos seios das meninas, acreditam que assim “elas não vão chamar a atenção dos homens”. Outros exemplos também encontrados aqui no ocidente são os aparelhos nos dentes, piercings, tatuagens… Podemos perceber que são todas práticas racionais das tradições locais, pois o modo como cuidamos de nossos corpos dizem um pouco de nós, mas também diz da cultura onde vivemos.
Assim a Antropologia da Saúde dentro do possível poderia contribuir não subsidiando, mas mantendo um diálogo com a biomedicina, os antropólogos fazendo etnografias, escrevendo artigos e produzindo pesquisas nas diversas àreas da saúde. Pois a biomedicina observa o corpo humano como órgãos fragmentados e não relativizam sobre o contexto do indivíduo e sobre a sua cultura.
Na biomedicina impera o etnocentrismo quando profissionais da área da saúde olham para um corpo como se esse pertencesse a uma única cultura,  a do profissional da saúde, e não levam em conta o contexto histórico, e sócio-cultural dos seus pacientes. Então a antropologia auxilia a biomedicina a observar outros aspectos que falam sobre a cultura e como  as pessoas pensam, usam e tratam o seu corpo.


Por: Carolina Albuquerque

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