sábado, 16 de abril de 2011

Chegança



Sou Pataxó,
sou Xavante e Cariri,
Ianonami, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancararu,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-o, Tupinambá.

Depois que os mares dividiram os continentes
quis ver terras diferentes.
Eu pensei: "vou procurar
um mundo novo,
lá depois do horizonte,
levo a rede balançante
pra no sol me espreguiçar".

eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro...
botei as pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava no paraíso,
onde nem era preciso
dormir para se sonhar.

Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
De grande-nau,
um branco de barba escura,
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.

E assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: "vão me acabar".
me levantei de borduna já na mão.
Ai, senti no coração,
o Brasil vai começar.


Composição : Antonio Nóbrega


Por: Carolina Albuquerque

Um comentário:

  1. "Os negros e índios foram expulsos de suas terras, roubados em
    suas culturas, desvalorizados quanto as suas vozes-línguas, execrados nos
    seus costumes, feridos quanto as suas crenças religiosas e estigmatizados
    quanto as suas identidades, para que assim servissem aos desejos do
    colonizador como marionetes vivas. A partir das resistencias que estes povos realizaram, sugiu o preconceito como preguiçosos, burros. E esta é uma visão que persiste na memória do povo brasileiro".

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