segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PET de A a Z dia 01/09

Convidamos a todos para participarem do primeiro PET de A à Z do semestre 2011.2 dia 01/09 nesta quinta-feira a partir das 10h da manhã. Contaremos com a presença da professora Rosilene que apresentará a palestra intitulada "Juscelino Kubitschek: os mitos e mitologias políticas no Brasil moderno".

Segue um resumo da palestra,
Juscelino Kubitschek é uma personagem muito presente na memória coletiva e no imaginário social e sempre lembrada pelos políticos. Morto em 22 de agosto de 1976, em um trágico acidente, cujas circunstâncias são até hoje questionadas, imprimiu-se, definitivamente, na memória e no imaginário social e político do país. Se o mito Vargas se incutiu na memória e imaginário como um mártir, Juscelino Kubitschek – o JK –, transformou-se no mito do moderno, o presidente que mudou o Brasil, o presidente dos “anos dourados”. A evocação a JK, mais do que a qualquer outro personagem de nossa história política, é a que mais se repete nos meios de comunicação e uma das mais presentes nos monumentos históricos (logradouros, estátuas, e a cidade de Brasília). É, também, uma das lembranças mais recorrentes nos discursos e tentativas de imitação pelos políticos, que parecem querer reeditar o carisma, a audácia, o dinamismo e a habilidade política que marca a imagem pública desse mito.
As camadas populares seguiram Vargas, Kubitschek, Collor, Fernando Henrique e, mais recentemente, Lula. A participação das camadas populares na criação do mito Vargas e do mito Kubitschek foi decisiva. Nos instiga entender por que e como Juscelino conseguiu, em condições tão adversas, se eleger presidente, governar todo o seu mandato e se transformar num dos mais importantes mitos políticos do século passado; qual o papel do imaginário social e das mitologias políticas na criação do mito JK e, por fim, qual o papel que ele próprio desempenhou, enquanto sujeito/indivíduo, na instituição de seu próprio mito.
A leitura da historiografia sobre o tema possibilitou apreender o ver e o dizer o governo JK. Nesse sentido, se pode observar que os textos acadêmicos viram o governo JK e o problematizaram a partir das questões econômicas e políticas, organizadas em explicações que, geralmente, partiram de três enfoques: o ideológico, o planejamento econômico e as alianças políticas.
Já os biógrafos foram, com raríssimas exceções, enaltecedores e saudosistas. Esses, mais do que viram, vivenciaram aqueles anos e os problemas desse governo, visto que estavam envolvidos com os conflitos de interesses econômicos e políticos. Comungavam da mesma visão de mundo e de política. Viram e viveram em um momento de mudanças, e dizem que esses foram os anos de maior felicidade desse país, o qual saiu de uma condição de atraso para uma de modernização.
As questões surgidas a partir da pesquisa guiaram para o campo de subjetividades do imaginário político, das representações de modernidade e das paixões políticas. Mas a historiografia consagrada ao tema JK se prende a uma lógica explicativa que não possibilitava outras respostas. Isto porque, com algumas exceções, as explicações sobre os anos JK encontram-se concatenadas, de tal modo, que só permitem compreender as tensões dos conflitos e das mudanças sob os aspectos econômicos e político-partidários.
Dessa maneira, através do discurso da modernização que procurava na instituição de uma política para o desenvolvimento do Nordeste e que resultou na criação da SUDENE, não estava somente nos discursos institucionais, do governo Kubitschek, mas também na historiografia. É claro que são construções que partem de lugares diferentes da produção de significados, que distingue o discurso institucional, interessado, dirigido, do discurso acadêmico, refletido, ponderado, pretensamente imparcial, pretensamente científico. Mas a matriz do discurso da modernização estava também, e muito fortemente, na historiografia produzida sobre esse governo.
O discurso da modernização permeia os estudos sobre o período JK, mas nos pareceu que os próprios estudiosos não se deram conta disto. Talvez por causa dos pressupostos teóricos, do contexto histórico em que produziram seus trabalhos (a maioria na década de 1970); ou, talvez por causa do enfoque no aspecto econômico, entendido como determinante; ou, ainda, por terem se encantado com o tema, que é, sem dúvida, sedutor, enfim, por um conjunto de razões, talvez não tenham percebido que suas explicações, de certa forma, reforçaram a visão de que a modernização é necessária, tendo, assim, reproduzido o discurso da modernização. Esse discurso consistia na ordenação lógica de uma razão que percebe o econômico como determinante e, principalmente, como algo que beneficia a sociedade como um todo, ou seja, beneficia todos os grupos sociais.
A partir dessa apreensão se passa a questionar até que ponto o imaginário sobre JK é uma construção deliberada do indivíduo e de alguns grupos, e até que ponto é uma construção coletiva. Daí a busca das imagens e imaginário sobre esse governo e personagem na historiografia do tema; nos depoimentos das pessoas anônimas, das camadas populares; nos livros didáticos; e, principalmente, nas biografias e autobiografias – as memórias de JK.  Inicialmente, ficaram evidentes com questões referentes à presença e a força da imagem de JK, do que respostas.
Procura-se, pois, entender como o imaginário participa na instituição do real, sua importância e papel na criação e instituição do mito JK, como também na re-instituição da mitologia político do Brasil moderno. Nesse sentido, a principal premissa do presente estudo é a de que a mobilização do imaginário social cumpre um papel significativo na instituição do mito JK e na re-invenção do Brasil moderno. A partir dessa premissa, se interroga sobre a participação de Juscelino Kubitschek na construção e instituição de seu próprio mito; e, se a mobilização do imaginário social do mito da modernidade tem uma importância significativa no desencadeamento das ações que efetivamente materializaram, no Brasil, mudanças características das sociedades modernas.

Contamos com sua presença.

Josileide Carvalho








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