quarta-feira, 27 de março de 2013

Morre o historiador John Monteiro





Morreu em um acidente de carro, na noite desta terça (26), o antropólogo e historiador John Monteiro, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.  Monteiro foi atingido por um veículo na contramão, na Rodovia dos Bandeirantes. O velório será nesta quinta-feira (28), no auditório do IFCH, na cidade universitária.  
Especialista em história indígena e autor de Negros da Terra: Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo (1994), John Monteiro fez graduação em História pela Universidade do Colorado; foi mestre e doutor pela Universidade do Chicago. Era professor do Departamento de Antropologia da Unicamp desde 1994. Estava desenvolvendo a pesquisa Mamelucos e Mamelucas: Aliança, Mestiçagem e Escravidão em Perspectiva Transcontinental, 1550-1650 que, em suas palavras, estudava os chamados “índios coloniais”. Ou seja, tratava “de populações indígenas que fazem parte da sociedade ou da história colonial. Índios que participam como soldados nas milícias e nos campos militares, índios aldealdos que fazem parte das missões, índios cristãos convertidos para o catolicismo ou para o calvinismo, no caso do Brasil holandês”, explicou em entrevista durante simpósio da Anpuh, em 2006.


No curta ‘Entradas e bandeiras’, John Monteiro fala sobre os índios no Brasil Colônia

Modelos desfilam na Av. Paulista em protesto contra Ronaldo Fraga

Na semana passada, estilista usou palha de aço na cabeça de modelos.
Nesta segunda (25), agência colocou o material na roupa das mulheres.


Modelos desfilaram nesta segunda-feira (25), na Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra o estilista Ronaldo Fraga. Na semana passada, ele usou perucas e apliques de palha de aço na cabeça de modelos em desfile na São Paulo Fashion Week. 
Elas usaram a palha de aço como tecido para as roupas que usavam. Na cabeça, usaram pedaços de panos coloridos.Nesta segunda, durante o protesto, as modelos desfilaram na calçada da Avenida Paulista. O evento foi organizado por uma agência de modelos negras.


O grupo contesta as perucas idealizadas por Fraga em parceria com o maquiador Marcos Costa. Elas se tornaram alvo de um debate sobre racismo, que ganhou dimensão nas redes sociais. 

Imagens do Protesto:





Imagens do desfile de Ronaldo Fraga: 



Fonte:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/03/modelos-desfilam-na-paulista-em-protesto-contra-ronaldo-fraga.html
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/03/ronaldo-fraga-diz-que-seu-desfile-foi-uma-critica-ao-racismo.html
Por: Carolina Albuquerque

quarta-feira, 13 de março de 2013

PET indica: O Enigma de Kasper House



Jeder für sich und Gott gegen alle (no Brasil e em Portugal, O Enigma de Kaspar Hauser) é um filme alemão ocidental de 1974, um dos mais celebrados do direto Werner Herzogr. O trabalho, cujo título significa, em tradução literal, "cada um por si e Deus contra todos" narra a história de Kasper Hauser, uma criança abandonada envolta em mistério, encontrada na  Alemanha Ocidental do século XIX, com alegadas ligações à família real de Baden. O filme fez parte da competição para a Palma de Ouro Festival de Cannes 1975 no, onde ganhou três prêmios.
Kaspar Hauser, desde a mais tenra idade, foi privado do convívio social. A partir daí sua triste trajetória nos aponta muitos resultados obtidos por sua privação cultural, pelo não desenvolvimento de sua linguagem. O fato de ter vivido muito tempo isolado de outras pessoas (até mesmo seu alimento era deixado à noite, quando dormia) trouxe-lhe  consequências em sua formação como sujeito, como indivíduo.
Quando Kaspar é retirado do cativeiro, e mesmo muito tempo depois, já com a linguagem desenvolvida, é possível perceber através de seu olhar atônito, o espanto, o estranhamento frente à paisagem, frente às pessoas e suas reações.
Por meio do filme podemos fazer uma reflexão sobre o papel da cultura e da linguagem em vários aspectos. Para Kaspar Hauser todas as frases são vazias de significado porque não viveu e experiência da linguagem nas relações intersubjetivas. A única exceção a princípio era a palavra cavalo que, para ele, tinha algum significado porque um cavalinho de madeira era sua única companhia no cativeiro. 
Algumas imagens do filme:



O filme:


Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=9bnug0gS2wQ
http://sociologiadodireitounesp.blogspot.com.br/2012/05/fato-social-em-o-enigma-de-kaspar.html
http://contextoshistoricos.blogspot.com.br/2012/05/analise-do-filme-o-enigma-de-kaspar.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Enigma_de_Kaspar_Hauser

Por: Carolina Albuquerque


domingo, 3 de março de 2013

Arthur Bispo do Rosário


"Arthur Bispo do Rosário perambulou numa delicada região entre a realidade e o delírio, a vida e a arte. Na tentativa de seguir passos e pistas, também eu peregrinei nessa estrada. E muitas vezes deixei-me perder no labirinto de Bispo", Luciana Hidalgo.



Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba, Sergipe, 14 de maio de 1909 ou, segundo outras fontes, 16 de março de 1911  – Rio de Janeiro, 5 de julho de 1989) foi um artista plástico brasileiro. 
Considerado louco por alguns e gênio  por outros, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento  eugênico, o preconceito  e os limites entre a insanidade e a arte, no Brasil. A sua história liga-se também à da  Colônia Juliano Moreira, instituição criada no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX, destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis (doentes psiquiátricos, alcoólatras e desviantes das mais diversas espécies).

                                                                  Estátua do artista em sua terra natal, Japaratuba, Sergipe


Natural de Japaratuba, Sergipe, Arthur Bispo é descendente de escravos africanos, foi marinheiro na juventude, vindo a tornar-se empregado de uma tradicional família carioca.
Na noite 22 de dezembro de 1938, despertou com alucinações que o conduziram ao patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, a quem disse que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pela rua Primeiro de Março e por várias igrejas do então Distrito Federal, terminou subindo ao Mosteiro de São Bento, onde anunciou a um grupo de monges que era um enviado de Deus, encarregado de julgar os vivos e os mortos. Dois dias depois foi detido e fichado pela polícia como negro, sem documentos e indigente, e conduzido ao Hospício Pedro II  (o hospício da Praia Vermelha), primeira instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, onde anos antes havia sido internado o escritor Lima Barreto (1881-1922).
Um mês após a sua internação, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, localizada no subúrbio de Jacarepaguá, sob o diagnóstico de "esquizofrênico paranoico". Aqui recebeu o número de paciente 01662, e permaneceu por mais de 50 anos.
Em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp. Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses  e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Com eles, Bispo pretendia marcar a passagem de Deus na Terra.
Os objetos recolhidos dos restos da sociedade de consumo foram reutilizados como forma de registrar o cotidiano dos indivíduos, preparados com preocupações estéticas, onde se percebem características dos conceitos das vanguardas artísticas e das produções elaboradas a partir de 1960.
Utilizava a palavra como elemento pulsante. Ao recorrer a essa linguagem manipula signos e brinca com a construção de discursos, fragmenta a comunicação em códigos privados.
Inserido em um contexto excludente, Bispo driblava as instituições todo tempo. A instituição manicomial se recusando a receber tratamentos médicos e dela retirando subsídios para elaborar sua obra, e museus, quando sendo marginalizado e excluído, é consagrado como referência da Arte Contemporânea.


BISPO DO ROSÁRIO, de espada em punho, em sua “cama-nave” adornada



MANTO DA APRESENTAÇÃO (detalhe): ele passou parte da sua vida bordando a peça para usá-la no dia do Juízo Final






Em 1982 o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro expôs alguns exemplares do universo de Bispo numa coletiva reunindo presidiários, menores infratores e idosos, intitulada À margem da vida. A princípio ele não quis participar, mas depois cedeu algumas obras. Na época, o crítico de arte Frederico Morais ofereceu-lhe uma sala inteira para exposição no MAM, onde Bispo poderia se espalhar e se alojar por um tempo. Ele sequer pensou no assunto. Morreu na solidão de sua cela, em 1989, sem ver seu império classificado como obra de arte, percorrendo o mundo. Mas, aos olhos da crítica e do público, era já um artista.

Documentário em torno da vida do Bispo:



Fonte:
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/as_artes_de_arthur_bispo_do_rosario_imprimir.html
http://annafaedrichmartins.blogspot.com.br/2012/04/arthur-bispo-do-rosario.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bispo_do_Ros%C3%A1rio

Por:  Carolina Albuquerque