quinta-feira, 28 de abril de 2011

Evento discute necessidades das comunidades quilombolas no Pará

Começou nesta quarta-feira 27, em Belém, no Pará, região Norte do Brasil, o evento “Terras quilombolas e exploração madeireira”, que reúne lideranças de dez comunidades quilombolas, representantes de organizações sociais e do governo para discutir sobre as principais necessidades desta população. O evento é promovido pela Coordenação das Associações das comunidades remanescentes de quilombos do Pará e pela Comissão Pró-Índio de São Paulo.

De acordo com José Carlos Galiza, coordenador da Associação Quilombola do Pará, a oficina tem como primeiro objetivo promover a troca de experiências entre as comunidades quilombolas e pensar em um plano de manejo sustentável como uma alternativa de atender as necessidades das comunidades que ainda não contam com o apoio sólido de políticas públicas.

Ele destacou a importância de se realizar este debate mais aprofundado para apresentar outras formas de gerar renda, e discutir processos de controle e gestão das florestas pelas comunidades, em parceria com organizações sociais e governos. José Carlos ressaltou que, por estarem localizadas em áreas de proteção florestal, as terras quilombolas costumam atrair o interesse de madeireiros que visam explorar e desmatar a floresta.

A falta de demarcação e de reconhecimento destes territórios facilita a ação dos exploradores que causam danos não apenas às comunidades como ao ambiente em geral, e por isso, é necessário “garantir a proteção das terras quilombolas”.

“A demarcação e o reconhecimento das terras (quilombolas) é uma demanda histórica no Brasil. Apesar de o Pará ter reconhecido muitas terras, muitas comunidades ainda não foram tituladas”, comentou, acrescentando que estes processos são muito lentos.

As entidades organizadoras do evento destacaram que o processo de desmatamento das florestas tropicais, em particular na Amazônia, vem preocupando a comunidade científica tanto pela perda de sua biodiversidade como pelos possíveis impactos sobre o clima em todo o planeta, por isso é urgente mudar esta realidade através de novas práticas.

O primeiro debate do seminário aconteceu durante o painel “Derrubar árvores e manejo florestal: qual a diferença?”, com a participação de especialistas no tema. O segundo painel de debates, que aconteceu no período da tarde, tratou da problemática “A Exploração Madeireira na Amazônia – causas e consequências da ilegalidade” com a participação de um representante do Ministério Público Federal, de um integrante da Divisão Técnica/Superintendência do Ibama do Pará e de outras entidades.

Hoje, o seminário será encerrado depois que as organizações participantes elaborarem um documento contendo as conclusões e demandas do encontro que serão entregues ao governo do estado.


Retirado:http://www.cartacapital.com.br/sociedade/evento-discute-necessidades-das-comunidades-quilombolas-no-para


Por: Carolina Albuquerque

terça-feira, 26 de abril de 2011

Desigualdade racial se agrava no Brasil, diz relatório da UFRJ



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O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010, lançado ontem na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta a persistência e o agravamento da desigualdade entre pretos e pardos, de um lado, e brancos.

O trabalho, produzido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da UFRJ, mostra, por exemplo, que em 2008 quase metade das crianças afrodescendentes de 6 a 10 anos estava fora da série adequada, contra 40,4% das brancas. Na faixa de 11 a 14 anos, o porcentual de pretos e pardos atrasados subia para 62,3%.

Os resultados contrastam com avanços nos últimos 20 anos. A média de anos de estudo de afrodescendentes foi de 3,6 anos para 6,5 entre 1988 e 2008, e a taxa de crianças pretas e pardas na escola chegou a 97,7%.

Mesmo assim, o avanço entre pretos e pardos foi menor. Na saúde, subiu a proporção de afrodescendentes mortas por causa da gravidez ou consequências. 'Não quer dizer que as coisas estejam às mil maravilhas para os brancos, mas os pretos e pardos são os mais atingidos', diz um dos coordenadores, o economista Marcelo Paixão.

Com 292 páginas, o trabalho é focado nas consequências da Constituição de 1988 e seus desdobramentos para os afrodescendentes.

Para produzir o texto, os pesquisadores do Laeser recorreram a bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos Ministérios da Saúde e da Educação e do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. Foram abordados temas como Previdência, acesso ao sistema de saúde, assistência social e ensino.

O estudo constata que o estabelecimento do SUS beneficiou mais pretos e pardos (66,9% da sua população atendida em 2008) do que brancos (47,7%), mas a taxa de não cobertura (proporção dos que não conseguem atendimento) dos afrodescendentes foi de 27%, para 14% dos brancos.

'A Constituição de 1988 não foi negativa para os afrodescendentes, mas, do ponto de vista de seu ideário, ainda é algo a ser realizado', diz Paixão, reconhecendo que há brancos prejudicados, em menor proporção.

Em 2008 40,9% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito mamografia, contra 22,9% das brancas.

18,1% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito papanicolau (13,2% entre as brancas).

Fonte: O Estado de São Paulo / Wilson Tosta

Att. Jamilly Cunha

segunda-feira, 25 de abril de 2011

I CONRES


A UFCG mantém, nos campi de Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, uma série de residências universitárias destinadas aos estudantes de baixa renda familiar, da graduação e do ensino médio, procedentes de outras cidades. Mais de 300 alunos residentes contam com café da manhã, almoço e jantar, totalmente gratuitos, durante todo o período letivo. O acesso às residências se dá por meio de um processo de seleção pública supervisionado pela CAE e coordenado pelo Setor de Assistência Social da instituição.



A Residência Universitária da UFCG é uma instituição de caráter não lucrativo ligada à instituição pública filantrópica Universidade Federal de Campina Grande UFCG/PB
Vem aí o primeiro Congresso Interno das Residências Universitárias da UFCG.

O congresso será realizado na cidade de Cuité-PB entre os dias 29 de abril e 1º de maio, o edital e o formulário de inscrição se encontram na página:

Confira e inscreva-se!



sábado, 23 de abril de 2011

PET de A a Z - Professora Elizabeth Christina de A. Lima.

O PET de A à Z desta semana tem como convidada a Professora Elizabeth Christina de Andrade Lima, debatendo o seguinte tema: "Antropologia da Política: sentidos e práticas do fazer antropológico".


Um pouco sobre a nossa convidada...

Possui Bacharelado em Ciências Sociais, com área de concentração em Antropologia, pela Universidade Federal da Paraíba (1986), Mestrado em Sociologia Rural pela Universidade Federal da Paraíba (1992) e Doutorado em Sociologia, na linha de pesquisa Sociologia da Cultura, pela Universidade Federal do Ceará (2001). Atualmente é professora de Antropologia, Associado I, na Universidade Federal de Campina Grande. Tem experiência nas áreas de Cultura e Política, Política Midiatizada, Voto e Comportamento Eleitoral, além de estudos na área de Festas e Cultura Popular, com ênfase em estudos de antropologia da política, cotidiano da política, processos de espetacularização da política, comportamento eleitoral, marketing político e festas brasileiras.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Filosofia e Direitos Humanos:Onda de Sonhos

"Leve flores aos que falharam"

No dia 11 de novembro de 1942, as tropas alemãs e italianas ultrapassaram a linha de demarcação das regiões de paz e invadiram a parte ainda não ocupada do território francês, quebrando o armistício de 1940. Um dia antes, Hitler havia em vão convidado a França a lutar contra ingleses e norte-americanos.

Os franceses reagiram com veemência. Embora o marechal Pétain tentasse atenuar os efeitos da ocupação, através de concessões, os impulsos de resistência vieram rapidamente à tona em todo o país. Os patriotas franceses fundaram o maquis, o exército da Resistência, que se mantinha escondido em regiões intransitáveis, para dali empreender ataques armados contra o regime nazista alemão.

A seguir mostramos duas cartas contidas no livro CARTAS DE FUZILADOS, de dois grandes homens que lutaram pela liberdade de seu país.

CARTAS DE FUZILADOS


Que tempos são estes,

Em que uma conversa sobre árvores

É quase um crime, porque inclui

Um silêncio sobre tantos malefícios...


Bertolt Brecht




Os autores das cartas reunidas neste livro, fuzilados ou decapitados, escreveram-na poucas horas _ por vezes minutos_ antes de serem entregues ao suplício. Quem pensaria, um tal momento, em procurar a destreza das frases, da musicalidade das palavras? Quem escreve sabe que não voltará a escrever. Na simplicidade do Adeus, diz o que considera essencial acerca da vida e do sentido de sua morte. Revela-se assim, na sua verdade profunda. Esta recolha de carta é uma antologia do heroísmo e grandeza moral.

A edição CARTAS FUZILADAS é uma homenagem aos milhões de vítimas do nazi-fascismo, no 50º aniversário do fim da 2ª Guerra Mundial.




MARCEL BERTONE

Nascido em 1921, de origem italiana. Ajudante de guarda-livros. Ferido durante a guerra de Espanha.

Preso em Outubro de 1939, evade-se em 1940.

Dirige um grupo dos Batalhões da Juventude quando é preso de novo a 18 de Dezembro de 1941. Fuzilado no dia 17 de Abril de 1942.

(À filha)

minha pequenina Hélène, quando leres esta carta a tua cabecinha começará certamente a compreender a vida. Terás pena de não ter ao pé de ti o teu papá que te teria feito feliz com a tua mamã. Minha Hélène, tens de saber um dia por que é que o teu pai morreu aos vinte e um anos, por que é que se sacrificou, por que é pareceu abandonar-te. Amai-te em todo o amor paterno de que um homem pode ser capaz. Sonhei belos sonhos de futuro para ti. Já nada posso fazer, mas tenho confiança na tua mamã que saberá substituir-me junto de ti. Minha querida Hélène, são duas horas e às quatro é preciso estar pronto. Tenho de me despachar.

Presta atenção e respeita as minhas vontades:

1º - Em tudo o que fizeres na vida, respeita a tua mãe, respeita a memória do teu pai. Se um dia faltasses ao respeito à tua mãe, fica certa de que se pudesse sabê-lo, sairia do túmulo para te censurar.

2º - Aprenda a conhecer os motivos pelos quais morri.

3º - Aprende a conhecer os que te cercam e julga as pessoas, não por aquilo que disserem, mas por aquilo que as vires fazer.

4º - Desenvolve a vontade, o desejo de transformação. Cultua o espírito de sacrifício pelas causas nobres e generosas. Não te deixes intimidar pelas coisas que pareçam convencer-te de que o teu sacrifício é vão, inútil.

5º - Apoia a tua mamã com o teu comportamento honesto; não lhe cries preocupações desnecessárias. Ajuda-a com todas as tuas forças, porque a vida para ela, foi semeada de sofrimentos amargos e trágicos.

6º - Se, na vida, não conheceres a riqueza, consola-te pensando que não é aí que está a fonte da verdadeira felicidade.

7º - Escolhe para marido um trabalhador honesto. Escolhe um homem generoso, terno, trabalhador, capaz de te amar.

Minha filha abraço-te em pensamento, não nos deram autorização para vos ver... Terá sido melhor assim?

Adeus, Hélène, o teu papá morreu gritando:

“Viva a França!”

Escrito na prisão de la Santé

17 de Abril de 1942, data da minha execução.

Marcel Bertone

Não baixes a cabeça, por o teu pai ter sido fuzilado.




PIERRE BENOIT

Estudante do Liceu Buffon. Em junho de 1942 faz parte do primeiro grupo de guerrilheiros da Resistência da região parisiense.

Fuzilado no Mont-Valérienno dia 8 de Fevereiro de 1943.

8 de Fevereiro de 1942

Meus queridos pais, meus amigos

É o fim! Vêm buscar-nos para o fuzilamento. Tanto pior. Morrer em plena vitória é um pouco humilhante, mas que importa1 o sonho dos homens está a realizar-se.

Mano, lembra-te do teu maninho. Até o final ele foi digno e corajoso, e não tremo mesmo diante da morte.

Adeus, minha mãezinha querida, perdoa-me todas as preocupações que te dei. Lutei por uma vida melhor. Talvez um dia me compreendas.

Adeus, meu velho papá. Agradeço-te teres sido atencioso comigo: guarda uma boa recordação do teu filho.

Totote, Toto, adeus, eu amava-os como aos meus outros parentes.

Mano, sê um bom filho. Tu és o único filho que lhes resta. Não faças asneiras.

Adeus a todos os que eu amava, todos os que me amavam, os de Nantua e os outros.

A vida será bela. Nós partimos cantando. Coragem. Não é assim tão horrível depois de seis meses de prisão.

Os meus últimos beijos para todos vós.

O vosso

Pierrot.

Retirado:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,401329,00.html
http://www.dhnet.org.br/memoria/index.html



terça-feira, 19 de abril de 2011

VOZES-MULHERES



A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.


"A reivindicação do lugar de mulher-sujeito que se auto-inscreve no poema é substancial na
obra de Conceição, produzindo uma literatura de empoderamento, onde por vezes a ironia
do discurso é voltada para um interlocutor masculino que representa o olhar sexualizado
lançado sobre a mulher negra-objeto, secularizada em nossa tradição literária, modelo com
o qual se rompe definidamente".

Retirado: Revista África e Africanidades - Ano III - n. 12 – Fev.

Por Carolina Albuquerque

sábado, 16 de abril de 2011

Chegança



Sou Pataxó,
sou Xavante e Cariri,
Ianonami, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancararu,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-o, Tupinambá.

Depois que os mares dividiram os continentes
quis ver terras diferentes.
Eu pensei: "vou procurar
um mundo novo,
lá depois do horizonte,
levo a rede balançante
pra no sol me espreguiçar".

eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro...
botei as pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava no paraíso,
onde nem era preciso
dormir para se sonhar.

Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
De grande-nau,
um branco de barba escura,
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.

E assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: "vão me acabar".
me levantei de borduna já na mão.
Ai, senti no coração,
o Brasil vai começar.


Composição : Antonio Nóbrega


Por: Carolina Albuquerque

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Justiça do Paraná condena dupla pela prática de racismo via internet

Publicada em 15/04/2011 às 11h16m


SÃO PAULO - A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná manteve, por unanimidade de votos, a sentença do Juízo da 8ª Vara Criminal do Foro Regional da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba que condenou R.M.R., que se autodenominava "Satan", e A.N.M., apelidado de "chefia", a dois anos de prisão e ao pagamento de multa pela prática do crime de racismo via Internet. A detenção, entretanto, foi substituída por prestação de serviços comunitários, por 8 horas semanais.


Os acusados criaram uma página na Internet, denominada "amonia88" para estimular a discriminação e o preconceito em relação a judeus e negros. A página era alimentada com artigos, fotos e chats de nítido conteúdo racista, segundo a Justiça. Poucos meses após sua criação, a página já registrava cerca de mil acessos.

O Ministério Público do Paraná denunciou R.M.R. e A.N.M. pelo crime de racismo resultante de preconceito de raça ou de cor. A 8ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba condenou ambos, mas a defesa dos réus apelou. Para a defesa de R.M.R., a sua conduta não está prevista na legislação como crime. E, caso tenha cometido algum crime, ele foi de injúria preconceituosa e não o de racismo, conforme a denúncia do Ministério Público. Segundo a defesa, o crime já estaria prescrito. Já a defesa de A.M.N. alegou ausência de provas contundentes para configurar crime de racismo.

Segundo o voto do relator da apelação, desembargador Luiz Osório Moraes Panza, ficou demonstrado nos autos que os acusados incitaram a prática de discriminação racial e etnológica de forma livre e consciente por meio da internet," que se caracteriza como um meio de comunicação ilimitado, alcançando um número irrestrito de pessoas".

- A conduta dos apelantes colide com preceitos fundamentais elencados na Constituição Federal, uma vez que atinge a coletividade e constitui crime tipificado em lei - observou o relator.

O relator descartou a tipificação do crime como injúria preconceituosa.

- Isso porque, ao veicular mensagens de conteúdo discriminatório, este atingiu não somente um indivíduo, mas a coletividade, ou seja, um grupo indeterminado de pessoas.

Participaram da sessão de julgamento o desembargador João Kopytowski e a juíza substituta em segundo grau Lilian Romero, que acompanharam o voto do relator

Att. Jamilly Cunha

retirado: http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/04/15/justica-do-parana-condena-dupla-pela-pratica-de-racismo-via-internet-924246102.asp

quarta-feira, 13 de abril de 2011

EDGAR MÜLLER: O criador das fantásticas ilusões tridimensionais


O consagrado artista conceitual Edgar Müller nasceu em 10 de julho de 1968 em Mülheim an der Ruhr, na Alemanha. Ainda menino, fascinado pela pintura, teve seu enorme talento para desenhar e pintar descoberto.

Aos 19 anos, ele venceu um concurso de pintura de rua, com uma reprodução da obra “A Ceia em Emaús”, do pintor italiano Caravaggio. Prêmio este que seria o primeiro de muitos que se seguiriam. Desde 1998, Müller também porta o título “maestro madonnari”, concedido pela organização do famoso festival de pintura de rua “Ferragosto”, no norte da Itália.

A peculiaridade da obra de Edgar Müller é que ele não apenas copia obras de pintores famosos, como também cria ilusões em três dimensões em grande formato. No Canadá, por exemplo, ele transformou a Street River em uma enorme cachoeira. Com 280 m², a obra é a maior pintura de rua do mundo. Um dos seus mais recentes trabalhos é o “Ice Age”, uma pintura em três dimensões, realizada na Irlanda.

Além de pintar, Edgar Müller organiza oficinas de pintura de rua em escolas e participa do júri de festivais internacionais. Reconhecido no meio artístico e empresarial, o artista recebe constantemente encomendas de grandes empresas e instituições, como a Ford, Rexona, a UEFA e a agência de publicidade Springer & Jacoby.

Selecionei a construção de algumas pinturas, e também trouxe algumas pinturas já prontas, espero que apreciem...

















Por Jéssica Cunha





















Jornal do Paraná publica charge racista- um triste episódio!

"Almoço pra Obama vai ter Baião de dois, picanha, sorvete de graviola... e banana muita banana"


A charge que foi publicada no dia 19 de março, ela acaba por mostrar um Brasil que não admitimos existir. Precisamos nos libertar desse preconceito, e nos tornar um país realmente democrático e igual para todas as raças!
att. Jamilly Cunha

Para Pensar

Att. Jamilly Cunha

Inclusão Digital - Vamos Discutir!


Att. Jamilly Cunha

terça-feira, 12 de abril de 2011

E quem disse que Chapeuzinho Vermelho não pode ser negra?



A presente tessitura nasce a partir de uma experiência vivenciada num

espaço educativo não-formal com crianças de idade entre 5 e 6 anos. O trabalho teve

como objetivo problematizar o preconceito racial presente nos contos infantis e

provocar uma desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares e

performances das crianças.

A desconstrução do preconceito racial contra o (a) afrodescendente é desafio

que se faz latente em diferentes espaços e tempos.

Para o desenvolvimento do trabalho foi apropriado o conceito de cultura

problematizado por Gueertz (1989) e Thompson (1988). Cultura esta não como algo

fixo, estático, legitimado e neutro; mas como uma rede de significados construídos na

cotidianidade, nas vozes e nos gestos ativos e até mesmo naqueles que parecem

conformados.

A oficina se desenvolvia numa tarde nas dependências da ONG ASELIAS,

ao chegar e explicar sobre a atividade daquela tarde, logo se formou um alvoroço com

as crianças. Era possível ver os olhos brilharem e os sorrisos estampados nos rostos.

Era a atividade que eles mais gostavam, fazer teatro.

Conversamos e decidimos em conjunto que iríamos recontar a história da

chapeuzinho vermelho, em poucos minutos, algumas crianças começaram a contar a

história da chapeuzinho vermelho como aprenderam na escola e em outros espaços.

Mas e agora, quem serão os (as) personagens? O impasse estava feito, logo Mariana gritou! “Eu quero ser a

chapeuzinho vermelho” e Elivelto do outro lado. “Eu quero ser o lobo”! Se aproximando de mim veio Aninha

dizendo alto e fazendo “bicos”: “Eu

quero ser a chapeuzinho vermelho, por que nunca deixam eu ser nada”? Levei para o

debate com as crianças que Aninha gostaria de ser a chapeuzinho vermelho, então

teríamos que decidir coletivamente quem faria esta personagem. Ouvindo as crianças,

um comentário me chamou atenção e mudou todo o planejamento da oficina. Eis a

fala de uma das crianças: “Aninha não pode ser chapeuzinho vermelho porque ela é

negra, não existe chapeuzinho negra, então quem tem que ser chapeuzinho é Mariana

porque é branca”.

Ao ouvirem esta fala de Amanda, as crianças começaram a dizer: “é

verdade, não existe chapeuzinho negra”. Aninha chateada, cruzou os braços com os

olhos cheio de água e franzindo os lábios disse: “Mas mesmo assim eu queria ser a

chapeuzinho vermelho”.

O debate não cessava, então resolvi problematizar um pouco dizendo:

“Mas quem disse que não existe chapeuzinho negra e por que não existe?”

Algumas crianças diziam: “Não sei porque, mas sei que não existe!”, outra

disse: “É porque ela vai ficar muito feia com vermelho!”

Problematizando mais um pouco questionei o comportamento da crianças.

“O que é isto que vocês estão fazendo com Aninha? Como se chama? Está certo ou

errado?”

Logo algumas crianças responderam: “isto é preconceito tio e não está

certo!”. Ao ouvir estas palavras me enchi de alegria e contentamento e logo dei uma

sugestão. “Vamos fazer uma história diferente?”

Passando alguns minutos, o elenco estava formado e tinha Aninha como

chapeuzinho vermelho e Mariana como amiga da Chapeuzinho Vermelho, Elivelton

como lobo e Fabrício como amigo do lobo, dentre outros personagens que entraram

no teatro. Na encenação, Aninha parecia estar num momento mágico, era enorme seu

sorriso e alegria atuando diante dos (as) colegas (as). O teatro ocorreu de maneira

fantástica! Cumprindo com sua função de alegrar, diverti e questionar.

A desconstrução do conto “A chapeuzinho vermelho” e a reconstrução

pelas crianças da ONG ASELIAS remodelou e criou novos padrões estéticos.

Observando a confecção das vestes e o momento da maquiagem feito pelas crianças

era possível ver um diálogo e respeito à alteridade, onde a cor da pele, o cabelo

crespo e/ou liso não possuía grandes significados. Acerca da estética negra, o estudo

desenvolvido por Domingues (1915), junto à população negra de São Paulo no

período de 1915-1930 mostra que a ideologia do branqueamento expressa o modelo

branco como padrão de beleza. Neste sentido, o alisamento do cabelo era motivo de

felicidade do (a) negro (a), uma vez que estaria realizado um sonho inculcado por

diferentes instituições.

Nesta perspectiva, cabe perguntar: Para que concepção de infância e para

quais crianças estão as políticas públicas brasileiras? Sob quais aspectos e culturas

está sendo a educação infantil em nosso país? Há respeito para com as histórias e as

culturas dos diferentes povos que habitam em nosso território?

Retirado do site: http://www.africaeafricanidades.com/literatura.html

Postado por: Carolina Albuquerque